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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Livros de cemitérios se deterioram em sala na garagem do Arquivo Geral da Prefeitura

Acervo com registros a partir de 1851 está no local desde 2013, quando foi retirado da Santa Casa de Misericórdia. Sindicância foi aberta para apurar furtos dos documentos.


Livros mortuários de 13 cemitérios públicos do Rio de Janeiro estão se deteriorando armazenados em uma área de 66 metros quadrados, ao lado da garagem, no subsolo do prédio do Arquivo Geral da cidade. No acervo estão armazenados 2.164 livros, cerca de 1,5 mil da Santa Casa de Misericórdia. São documentos de 1851 até os dias atuais. O G1 foi ao local e encontrou uma sala quente, sem vigilância e os registros armazenados em péssimo estado de conservação em estantes de aço.

O Diário Oficial do Município publicou, em sua edição de terça-feira (25), a abertura de uma sindicância para apurar "irregularidades supostamente praticadas no Acervo dos Livros Mortuários do Rio de Janeiro". A equipe de reportagem apurou que livros foram furtados e outros tiveram as folhas rasgadas.

Há duas semanas, um livro de 1852 foi encontrado jogado, em um domingo, no chão da sala. O documento não fazia parte do catálogo elaborado pelo setor da Prefeitura do Rio que administra os cemitérios públicos.

Os livros mortuários são registros de pessoas que adquiriram, a partir de 1851, sepulturas na cidade do Rio. Não apenas o nome de quem comprou, mas dados sobre a pessoa e quem foi sepultado local, além de quem recebeu o jazigo de herança, por exemplo.

Esses dados servem aos historiadores como informação sobre o ciclo de vida dos moradores do município durante os séculos 19 e 20. Ou ainda para se definir a árvore genealógica de uma família ou até como prova de casos de dupla cidadania.

Em abril de 2013, suspeitas de irregularidades nos arquivos da Santa Casa de Misericórdia levaram a Prefeitura do Rio a acautelar os livros. As suspeitas teriam sido praticadas em três cemitérios do Rio: Irajá, Inhaúma e Ricardo de Albuquerque, todos na Zona Norte do Rio. Em julho daquele ano, os livros foram levados para a garagem do Arquivo Geral da Cidade, onde estão até hoje.

O acervo dos cemitérios está no subsolo do prédio localizado na Cidade Nova, no Centro do Rio. A história dos sepultados na cidade do Rio de Janeiro está numa sala ao lado do estacionamento de carros.

O local foi inundado em 2016 após uma chuva forte, de acordo com um ofício de março do ano passado. Há relatos de servidores, em documentos obtidos pelo G1, de que livros foram levados do lugar e colocados em carros parados ao lado da sala.

Junto à entrada da área onde está o acervo, não há câmeras ou qualquer vigilante. Na sala, ficam apenas dois funcionários. Próximo às estantes de livros, há fios desencapados no teto.

Um ventilador na porta tenta refrescar, sem sucesso, o ambiente. Há extensões que servem para ligar o outro ventilador e carregar os aparelhos celulares dos servidores.

Os livros são manuseados com luvas que já estão quase no fim. Não há máscara para os funcionários. Alguns livros foram encontrados pela reportagem rasgados ou com as folhas soltas. Bem diferente dos 3,5 milhões de documentos digitalizados nos andares acima.

Prefeitura promete digitalizar o acervo

O secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente, Rubens Teixeira, diz que o acervo será digitalizado e, assim, preservado.

"Vamos primeiro descontaminar o acervo, microfilmar e assim cuidar da digitalização de todo material", afirma o secretário. Todo o processo deve durar seis meses.

Por meio da assessoria, a diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio, a historiadora Beatriz Kushnir, declarou que o arquivo cuida apenas da guarda dos livros. De acordo com a nota, toda a documentação "que chega ao local entra pela garagem e passa por uma sala de acolhimento e pequeno tratamento, para não contaminar o restante do acervo".

A nota da Casa Civil da Prefeitura, ao qual a direção do Arquivo Geral é subordinada, diz que procedimentos como microfilmagem e digitalização não foram feitos pela antiga administração municipal quando os livros foram acautelados pela prefeitura.

Leia a íntegra da nota:

"A documentação dos cemitérios foi entregue ao Arquivo no início de 2013, quando a gestão passada rompeu o pacto com a Santa Casa de Misericórdia e acautelou os livros dos 13 cemitérios públicos da cidade. Por não haver espaço adequado na Coordenadoria de Cemitérios, responsável pela documentação, foi determinado que o Arquivo cedesse um espaço onde essa documentação poderia ficar para continuar sendo manuseada pelas pessoas das funerárias e da coordenadoria. Por ser uma documentação corrente que continua sendo manuseada e preenchida, ela não tem o caráter permanente - por isso não pertence ao arquivo geral da cidade.

Quando a documentação chegou, o AGCRJ produziu um termo de referência, com todas as etapas necessárias ao arquivamento dessa documentação: higienização, pequenos reparos, digitalização, microfilmagem, acondicionamento e construção de uma base de dados que transferisse as informações dos livros.

O processo não foi feito pela antiga gestão. A atual administração está em negociação com as concessionárias para garantir que as mesmas cumpram as exigências do contrato, entre elas colocar uma base de dados em todos os cemitérios e também na coordenadoria, para que as novas inclusões ao invés de serem feitas nos livros sejam colocadas diretamente ali, de forma digital, o que vai permitir que os livros ganhem um caráter permanente e sejam devidamente arquivados".

Fonte: G1

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