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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Terrível vazio instala crise mundial

“O mundo está em crise, principalmente porque as elites governantes se distanciaram das necessidades e aspirações das pessoas comuns. O sentimento de ser deixado para traz fez com que se rebelassem contra a governança estratificada de seus países”, alertam especialistas.
“Além disso, as queixas sobre a injustiça da globalização foram caladas ou ignoradas quando esta golpeou os mais pobres do Sul Global, E agora, que também é sentida no Norte, o tema foi priorizado na agenda dos meios de comunicação”, diz um estudo do Centro de Genebra para o Avanço dos Direitos Humanos e do Diálogo Global.

Nesse contexto, se exacerbaram os movimentos populistas que restringem o conceito de cidadania a definições limitadas a uma identidade relacionada com religiões ou grupos étnicos dominantes, acrescenta o Centro de Genebra. Por outro lado, as invasões militares no Oriente Médio, com as consequentes expulsões e vítimas, geraram ressentimentos e destruíram mecanismos sociais para a resolução de conflitos, prossegue o estudo.

O informe ressalta que “esses acontecimentos criaram um vazio, ocupado por organizações terroristas que buscam legitimidade em uma interpretação distorcida do Islã. Assim, por diferentes razões, as duas religiões principais se envolveram no crescimento de ideologias extremistas e são consideradas cada vez mais parte do problema subjacente à crise mundial”.

A fim de analisar a conjuntura atual, o Centro de Genebra organizará, no dia 15 de março, um fórum de debate por ocasião da atual sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontecerá entre os dias 27 deste mês e 24 de março, sobre Islã e Cristianismo, a Grande Convergência: Trabalhar Juntos Para Uma Cidadania Igualitária.

O objetivo é impulsionar a criação de uma grande coalizão para que as duas maiores religiões participem da solução para a crise atual, e empreguem todo seu potencial para conseguir a paz em beneficio de uma nacionalidade igualitária, com base em uma identidade relacionada com o conceito de cidadania, mais do que com o de uma religião, grupo étnico ou outra filiação.

Também poderá atender a questão das minorias, tanto muçulmanas no Ocidente como cristãs no Oriente Médio, para não falar da situação lamentável das minorias muçulmanas em algumas partes da Ásia ou das tensões religiosas entre muçulmanos e cristãos em algumas áreas da África, bem como o léxico fóbico que tende a criar mais tensões sociais, explica o Centro de Genebra.

A organização aponta que “essa atividade paralela, no dia 15 de março, só é uma primeira oportunidade para criar consciência, à qual devem seguir outras, com sorte no próprio Conselho de Direitos Humanos e em outros espaços”. O fórum faz parte de outras iniciativas do Centro de Genebra, em colaboração com várias instituições, a fim de promover e proteger os direitos humanos no mundo árabe e na Europa, bem como enfrentar a violência extremista e a islamofobia.

Em 2016, o centro de estudos organizou diversas conferências relacionadas, como: Avanço do Status das Mulheres no Mundo Árabe, Islamofobia e Implantação da Resolução 16/18 do Conselho de Direitos Humanos, Fim da Radicalização ou Desmantelamento da Violência Extremista, e Muçulmanos na Europa: o Caminho Para a Harmonia Social.

Segundo seus organizadores, essa atividade paralela busca instalar a diversidade religiosa e consolidar a ideia de que o Cristianismo e o Islã são vetores de paz apontando para a grande convergência entre as duas religiões com base em seus valores comuns. “Nos últimos anos, os atuais conflitos armados e os ataques terroristas indiscriminados instalaram a dor principalmente nos países árabes e em partes da África, se estendendo para o Ocidente e contribuindo para exacerbar as violações de direitos humanos com um impacto cada vez pior e com proporções sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)”, afirma o Conselho de Genebra.

“Isso pode tomar a forma de violação de direitos humanos e incluir a liberdade de culto, de expressão, de movimento; as restrições à educação; repressão das mulheres e violações do direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião”, enfatiza o Centro. “Nesse difícil contexto, o mundo experimenta o crescimento de populismos de direita e de ideologias extremistas, derivados do afastamento do eleitorado por parte do Estado”, acrescenta.

Segundo o Centro, “a partir da violência e de tendências viciadas, a islamofobia cresceu de forma sustentada e preocupante nos últimos anos. Somente nos Estados Unidos, os crimes de ódio contra muçulmanos aumentaram na surpreendente proporção de 67% desde 2015”. E também recorda que “a minoria rohingya muçulmana na Birmânia também sofreu perseguição étnica e religiosa por parte de extremistas budistas no Estado de Rakhine, o que é ignorado em grande parte pela comunidade internacional”.

“Outros exemplos de perseguição religiosa podem se estender ao genocídio cometido por sérvio-bósnios contra os bósnios muçulmanos de Bósnia-Herzegovina, no massacre de Srebrenica de 1995, o maior da Europa depois da Segunda Guerra Mundial, que deixou mais de oito mil muçulmanos mortos”, detalha o centro de estudos. “Na década de 1980, os turcos-búlgaros sofreram violações de direitos humanos nas mãos do governo, que lançou uma campanha para eliminar sua identidade étnica e religiosa. Além disso, a demolição da mesquita de Baburi, por extremistas hindus em 1992, gerou tensões entre muçulmanos e hindus na Índia”, acrescenta.

“A distorcida representação nos meios de comunicação das comunidades muçulmanas, bem como do Islã, incidiu no fortalecimento de tendências xenófobas no mundo, ao perpetuar estereótipos e descrições negativas dos muçulmanos”, segundo o estudo. “Podemos explorar formas nas quais a mídia possa mitigar seu papel na apresentação de uma imagem distorcida das minorias religiosas e contribuir para uma tolerância maior e compreensão inter-religiosa mediante mensagens de paz ao público”, propõe o Centro de Genebra.

O resultado principal da atividade paralela à sessão do Conselho de Direitos Humanos poderia ser a adoção de um rascunho de agenda para uma conferência internacional sobre esse assunto e que seja proposto no anexo à nota conceitual sobre o fórum do debate. 

Fonte: Envolverde

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