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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Trabalho e meio ambiente, parte 1/5, artigo de Roberto Naime

TAYRA (2002) descreve que a percepção de que a atividade econômica cada vez mais gera todo tipo de poluição e depósitos de resíduos no meio ambiente fez com que no início da década de 70 do século XX, surgisse a tese do “Crescimento Zero”, que correlacionava diretamente crescimento econômico a degradação ambiental.


Mais recentemente, na década de 80, surgiu o conceito do Desenvolvimento Sustentável, que visa conciliar crescimento econômico com preservação e controle ambiental. Apesar de sua boa acolhida, o conceito encontra grandes dificuldades práticas de implementação.

O impacto de sua implementação no mercado de trabalho em crise, é uma das faces das dificuldades referidas. O grande contingente de trabalhadores desempregados e dos jovens que se iniciam no mercado demandam altas taxas de crescimento para a geração de novos postos de trabalho.

Sob esta dimensão, mais crescimento econômico significa mais empregos e via de regra, um incremento de insumos de matérias primas tomadas do meio ambiente. Se discute a implicação desta lógica e os limites do desenvolvimento sustentável, correlacionando mercado de trabalho, crescimento econômico e meio ambiente.

O governo dos Estados Unidos não ratificou o Protocolo de Kyoto, que estabelece que até 2012, os países desenvolvidos terão a obrigação de reduzir a quantidade de emissão de seus gases efeito estufa em pelo menos 5,2 por cento, em relação com os níveis de 1990.

A referência ao Protocolo e à posição norte-americana introduz apenas para mostrar as dificuldades práticas que se encontra para a implementação de medidas que visam a diminuição dos efeitos nocivos que o modelo de produção tem acarretado ao meio ambiente nos últimos tempos.

Embora grande parte do mundo e a União Europeia incluída, demonstre ter consciência da gravidade do tema e tenha ratificado o conteúdo do Protocolo, razões de interesse puramente econômico impedem que os Estados Unidos, que respondem por quase 25 por cento das descargas globais dos gases provocadores do efeito estufa, ratifiquem o acordo global.

Segundo o governo americano, a implementação de medidas contidas no Protocolo de Kyoto custaria aos Estados Unidos, cerca de US$ 400 bilhões. Um desfalque financeiro que acarretaria no fechamento de 4,9 milhões de postos de trabalho.

Embora a decisão tomada tenha sido alvo de críticas em todas as partes do mundo, inclusive nos próprios Estados Unidos, a referência à possibilidade de perda de postos de trabalho, com consequente aumento das taxas de desemprego, acabou por reduzir a pressão popular interna que se poderia instalar.

É esse é um dos grandes dilemas que enfrenta o chamado “Desenvolvimento Sustentável”, para vir a ser realmente implementado, pois se propõe a ser economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente equilibrado.

TAYRA (2002) assinala que uma diminuição no ritmo da atividade econômica devido aos custos do processo de adaptação às medidas do Protocolo de Kyoto, apesar de ecologicamente correto, seria na visão do atual governo norte-americano economicamente pouco viável.

Pois poderia diminuir a taxa de crescimento da economia e ao mesmo tempo, a da geração de empregos; no que a posição consegue, se não um apoio, um consentimento popular para ser apoiada em detrimento das questões ambientais.

Relacionam-se assim as noções de crescimento econômico, meio ambiente e trabalho, temas recorrentes no debate atual e que parecem explicitar uma crise mais ampla, qual seja, a da sustentabilidade do próprio sistema econômico. Seja socialista ou seja baseada na livre iniciativa.

Referência:

COSTANZA, R., Economia Ecológica: uma Agenda de Pesquisa in Valorando a Natureza, Análise Econômica para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994.

FOLADORI, G., Los límites del desarrollo sustentable. Montevideo: Ediciones de la Banda Oriental, 1999.

FURTADO, C., O Mito do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974

MAIMON, D., Ensaios sobre economia. Rio de Janeiro: APED, 1992

MALTHUS, T. R., Ensaio sobre população. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Col. “Os economistas”).

MEADOWS, D. L., MEADOWS, D. H., RANDERS, J. & BEHRENS, W. W., Limites do crescimento- um relatório para o Projeto do Clube de Roma sobre o dilema da humanidade. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1972.

SACHS, I., Ecodesenvolvimento, crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986

SACHS, I., Estratégias de Transição para o Século XXI. São Paulo: Studio Nobel/Fundap, 1993

TURNER, R., “Sustainable global futures. Common interest, interdependency, complexity and global possibilities”. Futures, nº 5. vol. 19, pp. 574-582, 1987.

WCED Our common Future. Oxford: Oxford University Press, 1987.

TAYRA, F. A relação entre o mundo do trabalho e o meio ambiente: limites para o desenvolvimento sustentável. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, nº 119 (72), 2002. [ISSN: 1138-9788] http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-72.htm



Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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