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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Estudo mostra propostas para agricultura sustentável na Amazônia Legal

Lançamento do relatório será feito em evento que marca 10 anos do GVAgro


O Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GVAgro) lança, no dia 18 de novembro, em São Paulo, o estudo “Amazônia Legal: propostas para uma exploração agrícola sustentável”, coordenado pelo pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária e Observatório ABC, Eduardo Assad. O lançamento será feito durante evento que marca os 10 anos do GVAgro.

Para responder à pergunta central “Como aproveitar de uma maneira sustentável as áreas desmatadas com corte raso da Amazônia Legal, a partir de sistemas agroambientais?”, o relatório faz uma abordagem dos principais pilares da sustentabilidade para a exploração agropecuária na Amazônia Legal, analisando aspectos agroambientais, sociais, políticos e econômicos, histórico do desmatamento, valores de custo de produção e rentabilidade de pastagens.

Os dados levantados no estudo foram agregados em um sistema online, dinâmico, espacial e interativo de consulta de informações que será lançado no evento dos 10 anos do GVAgro. Esse sistema traz uma caracterização dos 772 municípios da Amazônia Legal considerando, sobretudo, o histórico do desmatamento em função do corte raso, além de aspectos edafoclimáticos, produção agropecuária, vulnerabilidade social e mapeamento do zoneamento ecológico econômico da região.

O estudo identificou 29 sistemas produtivos, nas seguintes modalidades na Amazônia Legal: pastos bem manejados, integração lavoura-pecuária (ILP), integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas agroflorestais. Os resultados indicam também que existem diversos arranjos para os sistemas produtivos integrados mapeados na Amazônia Legal, desde a simples consorciação entre gramíneas e leguminosas forrageiras para diminuir o uso de adubos nitrogenados até sistemas de produção mais complexos, integrados com espécies arbóreas nativas da região.

Outro destaque foi a redução do desmatamento na Amazônia Legal, estabilizando entre 450 mil e 600 mil hectares anuais nos últimos anos. Além disso, o desmatamento anual residual pode estar relacionado, predominantemente, à manutenção de sistemas tradicionais de agricultura, por grupos de populações indígenas, comunidades extrativistas e ribeirinhas e produtores familiares em áreas de assentamentos e regularização fundiária mais recente.

O relatório conclui que o aproveitamento das áreas desmatadas na Amazônia Legal a partir de sistemas agroambientais passa pela utilização de sistemas produtivos mais eficientes, pela redução da vulnerabilidade social, pela identificação econômica das condições sob as quais os sistemas de integração são viáveis e por melhores políticas públicas.

Desta forma, fica evidente a relevância do tema estudado para o aumento da produtividade agrícola evitando o desmatamento. A adoção ou a ampliação de tecnologias para um desenvolvimento sustentável com gestão positiva do ambiente gera benefícios para o agricultor e as florestas. Os passos futuros estão relacionados ao mapeamento das forrageiras mais indicadas para o bioma, à identificação dos melhores sistemas de produção por município, ao aperfeiçoamento dos estudos de aptidão agrícola e do zoneamento de risco climático – principalmente de forrageiras para cada município – e, especialmente, à busca do estabelecimento de uma base sólida de variáveis econômicas que possam auxiliar na escolha dos sistemas mais indicados para cada município, com intensificação tecnológica associada a rentabilidade econômica.

A Amazônia Legal possui extensão de mais de 500 milhões de hectares e população superior a 25 milhões de pessoas. A região detém parte considerável dos recursos naturais globais, com papel vital na provisão de produtos e serviços ambientais no ciclo do carbono e na regulação do clima global. Sua biodiversidade compreende cerca de 60 mil espécies de plantas (mais de 2.500 espécies arbóreas), mais de 2.000 espécies de peixes, 300 espécies de mamíferos e mais de 2,5 milhões de espécies de artrópodes. A biomassa florestal da região detém um estoque de 83 a 116 bilhões de toneladas de carbono. Com mais de mil rios tributários, a Amazônia possui uma importância estratégica por seus imensos potenciais de recursos minerais, hidrelétrico e para o manejo de recursos pesqueiros e aquicultura.

A preocupação mundial com o desmatamento da floresta Amazônica é motivada não só pela perda irreversível da riqueza natural, mas também pela percepção de que é um processo destrutivo no qual os ganhos sociais e econômicos são menores do que as perdas ambientais.

MAIS INFORMAÇÕES: Núcleo de Conteúdos Ambientais (NUCA), com Maura Campanili (maura.campanili@nucabrasil.com.br, 11-9990-6895) e Talise Rocha (talise.rocha@nucabrasil.com.br, 11-98726-2584).

SERVIÇO:

10 Anos do GVAgro – Lançamento de estudo sobre Agricultura Sustentável na Amazônia

Data: 18/11/2016

Horário: 09h30 às 12h30

Local: Salão Nobre

Rua Itapeva, 432, 4º andar – Bela Vista, São Paulo/SP

Inscrições gratuitas

PROGRAMAÇÃO:

09h30 – Abertura

Arnaldo Jardim – Secretário de Agricultura de São Paulo

10h – Palestra

Alysson Paulinelli – Ex-Ministro da Agricultura

“A importância da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono para o Brasil”

10h30 – Palestra

Eduardo Assad – Pesquisador da Embrapa

“Propostas para uma Agricultura Sustentável na Amazônia”

11h30 – Encerramento

Roberto Rodrigues – Coordenador do GVAgro

Fonte: Envolverde

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Água de neblina: tecnologia para mudar regiões semi-áridas

Por Carolina de Barros e Alexandre Gonçalves Jr, de Marrakech –

Projeto de captação de água inovador busca transformar a vida de comunidades e da fauna e flora de regiões semi-áridas

Que água dá em nuvem, todo mundo sabe. Mas o que nem todos conhecem é a possibilidade de conseguir essa água antes mesmo de chover. Um estudo desenvolvido pela ONG Dar Si Hmad, em parceria com universidades ao redor do globo, traz a possibilidade de coletar água a partir de neblina e transformar regiões semi-áridas, dando nova vida à vegetação e às comunidades.

A prática, chamada de “fog harvesting” (fog, em inglês, significa neblina e harvest significa colheita), foi desenvolvida inspirada em mecanismos naturais. A água das neblinas se condensa e forma o orvalho nas folhas de árvores e sua coleta era uma prática cultural em comunidades antigas, onde hoje se desenvolvem os estudos. De forma parecida, o aparelho utilizado atualmente, que recebe o nome de CloudFisher, fica posicionado de forma perpendicular ao vento e capta a água das nuvens de neblina. Depois, quando ela se condensa, é direcionada para canos que levam para consumo ou irrigação.

A água obtida, no geral, é potável e pode ser bebida se for de regiões sem poluição. Mas contém uma quantidade pequena de minerais, o que não é ideal para consumo humano durante toda a vida. Por isso, ela é misturada com água de mananciais, bombeada do subsolo. O gasto energético para todo o processo é suprido por placas solares e os materiais são completamente sustentáveis.

Existe um projeto em andamento, denominado Morocco 2017. O objetivo é implantar 31 CloudFisher em regiões marroquinas e criar o maior coletor de neblina do mundo, de 1700 metros quadrados. Ele conseguirá captar 22 litros por metro quadrado por dia, em média, e beneficiará 13 comunidades próximas a região de Boutmezguida.

A ciência por trás das nuvens

María Victoria Marzol, pesquisadora do Departamento de Geografía e Historia da Universidad de La Laguna, trabalha com a prática desde a década de 90 na região de Tenerife. Ela explica que existem dois tipos de nuvens: verticais são aquelas que possuem muitos pingos de grande dimensão e são as que formam chuva, já as nuvens horizontais têm pingos menores e são as utilizadas como fonte de água nesse sistema.

Nas Ilhas Canárias, existe uma região próxima às montanhas onde se forma um fenômeno natural conhecido como mar de nuvens. Esse fenômeno está presente também em outras regiões onde é possível executar “fog harvesting”, como o Chile e Peru. As nuvens se formam entre as montanhas e, ao se deslocarem pela área, podem ser captadas pelos aparelhos. No Brasil, não é possível observar esse tipo de fenômeno pois é necessário que a costa seja banhada por correntes oceânicas frias.

Atualmente, a pesquisa procura definir quais os melhores materiais para usar e a eficiência de diferentes modelos. Os primeiros modelos foram implementados em 2015 e os mais usados são teflon e aço. As regiões em que há coleta de água de neblina têm o clima marcado pela maioria dos dias sem chuva, mas as condições de coleta podem variar de acordo com a altitude ou época do ano.

Valor ecológico da água de neblina

As nuvens de neblina que se formam em regiões de florestas ficam conhecidas entre os especialistas da área como “cloud forests”. Elas são responsáveis pelo aumento significativo da biodiversidade e do endemismo de espécies. Em áreas próximas de encostas de colina, as partes que apresentam nuvens de neblina em contato com as árvores têm estágios mais complexos do desenvolvimento da floresta, porque as plantas têm mais acesso a água.

Além disso, a água coletada pode ser usada para reabilitar ecossistemas. Um caso de êxito foi observado no Peru, a partir de 1996. Uma região que estava praticamente inóspita passou por uma sucessão ecológica, que é quando áreas sem floresta voltam a ter biodiversidade e se desenvolvem até o último estágio, quando tem a presença de grandes árvores. Nesse caso, ocorreu um processo completo de reabilitação da área, graças a irrigação feita atráves de água coletada das neblinas.

Empoderamento feminino pela água

A pesquisadora social do Instituto Tifawin, Leslie Dodson, explica que quando uma comunidade recebe água encanada sua relação com o líquido muda. O acesso mais fácil cria novas necessidades e novos usos, inclusive para atitudes que podem parecer básicas para os que têm esse bem natural de forma constante.

Na maioria das comunidades tradicionais do norte africano, onde o estudo foi realizado, as mulheres eram as responsáveis por conseguir água. Em média, mulheres adultas e crianças passavam cerca de três a quatro horas por dia em busca deste recurso. Com a água encanada vinda dos aparelhos de coleta de neblina, as meninas das comunidades beneficiadas puderam se dedicar aos estudos, já que não tinham mais que fazer esse trabalho. Além de poupar a força física das mulheres, também possibilita seu desenvolvimento cultural e a busca por outras funções dentro da comunidade.

Mas, mesmo com essas mudanças, Leslie reforça a importância de que as mulheres continuem com o papel de “guardiãs da água”, determinando o destino de uso e instruindo a comunidade sobre medidas adequadas para controle do recurso.

Water School

O uso da água de neblina, além do valor ecológico, também possui um valor social. A ONG, desde sua atuação nas comunidades, dobrou o número de crianças presentes nas escolas, totalizando 132. O aprendizado extracurricular explora conhecimentos científicos para que os jovens tomem consciência da captação e da manutenção do recurso hídrico. Os líderes do projeto acreditam que, com educação ambiental feita desde cedo para as crianças, elas conseguirão passar os ensinamentos para o restante de suas vilas.

Além disso, são ensinadas técnicas de higiene pessoal e limpeza dos ambientes. Antes, sem o acesso a água encanada, eram muito mais difíceis de serem executadas pelos habitantes dessas comunidades, que com o projeto podem “gastar” a água também com essas necessidades, ao invés de só para matar a sede.

O processo educativo se estende também às mulheres. Elas são alfabetizadas de diferentes maneiras, não só voltadas para a leitura. A escola as ensina como usar celulares e se comunicar com os técnicos das estações de coleta, reconhecer letras e números e também a usar ferramentas que possibilitem executar a manutenção dos canos e do sistema hidráulico que chega às comunidades. Uma parte importante deste projeto é que a tecnologia usada é aquela que se tem à mão, para que mesmo depois do apoio direto das universidades, as comunidades consigam se manter. “A água flui assim como as oportunidades”, resume Leslie.

Fonte: Envolverde

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