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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Afinal, há vida no Cemitério dos Prazeres

O próprio guia duvidou se a combinação noite e cemitério seria viável, mas desde 2014 há visitas noturnas no Cemitério dos Prazeres. Acompanhámos uma e trouxemos esta reportagem da "cidade dos mortos"


São sete da tarde. Não fosse o som ensurdecedor dos aviões, que sobrevoam o local praticamente de 10 em 10 minutos, e o silêncio apenas cortado pelo canto dos pássaros não denunciaria que estamos em Lisboa. Há cerca de um quarto de hora começaram a chegar os visitantes. Há quem venha pela primeira vez, mas há também quem já tenha vivido a experiência.

No grupo, de 25 elementos, há homens e mulheres, há pessoas de todas as faixas etárias. À hora marcada é Licínio Fidalgo, o guia, quem reúne as pessoas. “Trouxeram lanternas?”, pergunta. “Mas porquê? Vamos entrar dentro de alguma coisa?”, questiona uma das participantes. Começa desta forma a visita noturna ao Cemitério dos Prazeres.

É assim desde 2014. Licínio Fidalgo, coordenador técnico do espaço, conta que na altura pensou se a combinação entre cemitério e noite seria viável, mas a ideia avançou. A primeira visita, inserida no âmbito da iniciativa internacional “Noite Longa nos Museus” (em que instituições culturais ficam abertas ao público até mais tarde), reuniu quase duas centenas de curiosos. Além deste itinerário existem outros sobre arquitetura funerária, história do cemitério, estatuária, maçonaria, simbologia e personalidades.

Construído para acolher as vítimas mortais da epidemia de “cólera morbus”, em 1833, o Cemitério dos Prazeres passou a propriedade municipal em 1840. Hoje, é uma verdadeira “cidade dos mortos” que em muito se assemelha à “cidade dos vivos”, diz Licínio. “Temos quase o mesmo tipo de construções, temos ruas e jazigos com números, tal como as nossas casas.” E acrescenta: “Os cemitérios são também um espaço de diferenciação e afirmação social, os epitáfios são exemplo disso.”

“Isto no fundo é um jardim com peças muito interessantes”

Melissa Carvalho é uma das visitantes de hoje. Vem pela segunda vez. Confessa que cedo descobriu “a paixão pelos cemitérios”, mas que só recentemente percebeu que esta “pode ser perseguida” e não precisa de ser considerada um “hobbie mórbido”. O que lhe interessa? “Tudo, desde a arquitetura, ao silêncio, à memória”, explica. Já Pedro Espírito Santo, apesar de nunca ter pensado fazer este tipo de visita, desmitifica: “Isto no fundo é um jardim com peças muito interessantes.”

19h15. Chegados ao primeiro ponto de paragem, é tempo de ouvir o guia. Trata-se do Jazigo dos Duques de Palmela, o maior mausoléu privado da Europa e que “só por si dava história para quatro ou cinco noites”, conta Licínio. Mandado construir em 1847, há quem lhe reconheça uma ligação à simbologia maçónica. A dúvida é “se o jazigo é um propósito do Duque de Palmela [de quem não se conhece ligação à maçonaria], ou se é um aproveitamento do arquiteto José Cinatti [maçon assumido]”.

Fonte: Observador

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