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terça-feira, 17 de maio de 2016

Notas sobre Geoquímica Urbana, artigo de Carlos Augusto de Medeiros Filho

A fuligem percebida ao limpar janelas, móveis e folhas de plantas; a sujeira e o odor fétido de canais e rios urbanos; as notícias e registros de contaminações de águas subterrâneas e superficiais; os acúmulos de lixos domésticos e de materiais de construção; “vales” e voçorocas geradas por águas servidas, todos esses casos, são exemplos relativamente comuns decorrentes de atividades urbanas em centros urbanos e que, evidentemente, influenciam e modificam as condições geoquímicas do ambiente natural.

Aspectos básicos da ciência “geoquímica urbana” serão brevemente apresentados, a partir de informações de artigos científicos, especialmente o de Chambers et al. (2016).

As Nações Unidas preveem que, em 2050, cerca de 6,3 bilhões de pessoas viverão em regiões urbanas (Nações Unidas, 2015). O grande crescimento populacional tem diretamente impactado a cobertura e o uso da terra e tem também modificado o ciclo biogeoquímico de muitos elementos.

Thornton (1992) assinalou que a geoquímica urbana se refere às complexas relações e interações entre elementos químicos e seus compostos no âmbito urbano; as influências, nesse ambiente, das atividades humanas atuais e pretéritas e os efeitos dos parâmetros geoquímicos, na área urbana, na saúde humana, dos animais e plantas.

Os ciclos geoquímicos são impactados pela introdução de materiais alóctones ou não nativos (exs: concretos, metais refinados e ligas) e a liberação de elementos ou compostos como metais do grupo da platina, farmacêuticos e pesticidas de fontes antropogênicas que alteram as composições, no sistema urbano, do ar, solo e águas (Chambers et al., 2016).

Publicações sobre geoquímica urbana tratam, especialmente, sobre nutrientes que comprometem o ecossistema, como C, N ou P; sobre componentes, como metais traços, que prejudicam a saúde humana por meio de exposições agudas ou crônicas e sobre componentes e solventes orgânicos (Chambers et al., 2016).

A contaminação por longo tempo é comprovadamente prejudicial à saúde e, consequentemente, é de grande importância documentar o legado da contaminação no sentido de saber como neutralizar ou eliminar as substâncias deletérias.

A geoquímica urbana atua de forma interdisciplinar com geoquímicos, ecologistas, engenheiros, cientistas da saúde, planejadores urbanos, microbiologistas, hidrogeólogos, agrônomos, geógrafos e cientistas sociais e políticos. É uma ciência com particularidades especiais e o seu desenvolvimento pode contribuir no sentido de tornar as cidades qualitativamente mais habitáveis e com um desenvolvimento mais sustentável.

Referências Bibliográficas

Chambers, L.G.; Chin, Y; Filippeli, G.M.; Gardner, C.B.; Herndon, E.M.; Long, D.T.; Macpherson, G.L.; McElmurry, S.P.; McLean, C.E.; Moore, J.; Moyer, R.P.; Neumann, K.; Nezat, C.A.; Soderberg, K.; Teutsch, N.; Widom, E. 2016. Developing the scientific framework for urban geochemistry. Applied Geochemistry 67 1-20.

Thornton, I. 1992. Environmental geochemistry and health in the 1990s: a global perspective. Appl. Geochem. 11 (2), 203 – 210.

Unites Nations, Departament of Economic and Social Affairs, Population Division, 2015. World Urbanization Prospects; The 2014 Revision. (ST/ESA/SER.A/366).

Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 30 anos em Pesquisa Mineral.

Fonte: EcoDebate

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