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terça-feira, 17 de maio de 2016

Estudo mostra como aquecimento global pode afetar os recifes de Abrolhos

Os recifes de Abrolhos são os maiores do Atlântico Sul. Pesquisadores da Rede Abrolhos, que monitoram esses recifes, acompanharam o desenvolvimento de organismos sobre placas artificiais mantidas no ambiente, fazendo medidas contínuas da temperatura da água entre 2012 e 2014. Os resultados, publicados nesta quarta-feira, 27 de abril, na revista PLoS One, indicam que os recifes de Abrolhos ainda estão em crescimento, porém sofrem com o aumento da temperatura.

O artigo “Carbonate production by benthic communities on shallow coralgal reefs of Abrolhos Bank, Brazil” identificou que o segundo grupo mais abundante encontrado nas placas de colonização, principalmente no final do verão 2013-2014, coincidindo com anomalias térmicas intensas, se constitui de tufos de algas e bactérias, que crescem sobre as algas calcárias e corais e acabam por matá-los. Esses tufos passaram de 1 a 4 % da ocupação do espaço das placas em 2012-13 para 25%, após as intensas ondas de calor do verão 2013-14.

A pesquisa demonstrou também que o principal grupo construtor dos recifes de Abrolhos são as algas calcárias, e não os corais. Em Abrolhos, esses recifes crescem produzindo anualmente cerca de 580 gramas por m2 de carbonato de cálcio (o cimento do recife). “Trata-se de um valor intermediário quando comparado com áreas coralíneas com algum nível de degradação”, afirma Gilberto Amado Filho, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e coordenador do estudo. Outros dois pesquisadores do JBRJ, Leonardo Tavares Salgado e Fernando Moraes, são coautores.

Segundo Rodrigo Moura, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coautor do estudo, “os recifes de Abrolhos já mostram sinais claros de degradação, mas vale lembrar que o controle da poluição e da sobrepesca pode atenuar o efeito das anomalias globais”. Os resultados do estudo proporcionam agora um referencial para acompanhar a resposta dos recifes de Abrolhos às mudanças climáticas, que tendem a se intensificar ao longo do Século XXI.

O projeto de monitorando da região pela Rede Abrolhos continua. Estão sendo feitas amostragens nos recifes, instalação de novas placas de colonização e de sensores de temperatura e avaliação da qualidade da água. A iniciativa é apoiada pelo MCTI/CNPq/ANA através do Projeto Monitoramento das Mudanças Cliimáticas no Banco dos Abrolhos e do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração-PELD/CNPq, contando também com recursos de contrapartida de Pesquisa e Desenvolvimento da ANP/Brasoil.

Participam do projeto o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Instituto Oceanográfico da USP, o Laboratório de Oceanografia Geológica da Universidade Federal do Rio Grande, o Departamento de Biologia Marinha da UFRJ, o Departamento de Engenharia e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba, o Instituto do Mar da UNIFESP e o Departamento de Oceanografia da UFES.

Fonte: EcoDebate

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