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terça-feira, 29 de março de 2016

Geração de renda e preservação da vida marinha de mãos dadas no Nordeste

A Envolverde foi convidada para conhecer o projeto APA Costa dos Corais, iniciativa que visa proteger espécies marinhas do nordeste brasileiro com participação das comunidades locais.


Por Fabio Salama, da Envolverde –

Durante 3 dias percorremos, a convite da Fundação Toyota do Brasil, alguns municípios de Pernambuco e Alagoas para conhecer comunidades que estão gerando renda através do turismo sustentável e da preservação da natureza. Este projeto é o Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, uma parceria entre a Fundação Toyota do Brasil, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação SOS Mata Atlântica. Desde 2011, a ação protege recifes de corais, conserva as áreas de manguezais e o habitat do peixe-boi marinho, um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção, além de promover a formação consciente de cidadãos e a capacitação de profissionais.

Em nossa visita na cidade de Tamandaré (PE) conhecemos os recifes de corais, conhecidos como “piscinas naturais”, lugares de extrema beleza, com águas cristalinas e peixes de todas as cores, mas muito sensíveis ao turismo predatório e descontrolado.

Através do projeto, algumas áreas de recifes foram fechadas e não é permitido acesso de pessoas, barcos ou pescadores. Nestas áreas já se notaram aumento de espécies de peixes inclusive alguns ameaçados de extinção como o Mero. Apesar da conquista, o trabalho de conscientização com moradores da região não foi fácil. Mauro Maida, oceanógrafo e professor da Universidade Federal de Pernambuco, explica que houve muita resistência por parte dos pescadores, já que a iniciativa restringe a segunda maior atividade econômica na área delimitada.

Um grande desafio do projeto é conscientizar as pessoas de que deve haver um equilíbrio entre a pesca, o turismo e a conservação ambiental. Através de encontros e muita conversa eles estão conseguindo envolver diversos atores neste projeto tais como: associações de jangadeiros, associações que promovem multidões de limpeza nos manguezais, empresários, pescadores, alunos da rede local, como também hotéis pousadas e restaurantes, responsáveis por receber e orientar os turistas.

No município alagoano de Porto de Pedras vimos como a conscientização da comunidade, geração de renda e o turismo são aliados na conservação do peixe-boi marinho. A Associação Peixe-boi, que realiza o turismo de base comunitária na cidade, capacita moradores e ex-pescadores para trabalhar no projeto.

Hoje, cerca de 70 famílias vivem em razão da espécie. A entidade recebe até 70 visitantes todos os dias para os passeios em jangadas ao longo do Rio Tatuamunha para verem os animais soltos.

“O turismo de observação do peixe-boi-marinho é um dos maiores geradores de renda no município. Muitas pessoas atuam no turismo de observação enquanto outras conseguem obter renda indiretamente, com o artesanato, por exemplo”, afirma Flavia Rego, presidente da Associação Peixe-boi.

Curiosidades do peixe-boi marinho

• São mamíferos herbívoros, alimentando-se de 8% a 13% de seu peso de plantas como o capim-agulha e folhas de mangue;
• Podem atingir 600 quilos e medir até quatro metros;
• A população diminuiu drasticamente principalmente devido a caça;
• A reprodução da espécie gira em torno de 12 a 14 meses, levando dois anos para se reproduzir novamente;
• O animal pode ficar até cinco minutos em baixo da água sem respirar. Se estiver em repouso, o animal pode permanecer até 20 minutos submerso.

Fonte: Envolverde

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