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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Emissões de CO2 para gerar energia alcançam as do desmate no Brasil

As emissões de gases do efeito estufa do Brasil em 2014 se mantiveram no mesmo patamar de 2013, caindo só 1%, mas sofreram mudança de perfil: pela primeira vez a geração de energia jogou tanto CO2 no ar quanto o desmatamento.


Os dados de 2014 foram divulgados pela primeira vez ontem pelo SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), mantido pelo coletivo de ONGs Observatório do Clima. Os dados oficiais do governo brasileiro vão só até 2012.

Representando 31% das emissões totais, o setor energético emitiu 479 milhões de toneladas de CO2, contra 451 milhões no ano anterior. A elevação se devem sobretudo ao emprego de termelétricas – que queimam combustíveis fósseis – para compensar a intermitência da geração hidrelétricas.

O desmatamento, que se resume basicamente ao setor batizado de “mudanças de uso da terra”, também ficou com 31% de cota no perfil geral de emissões do país. A perda de florestas acabou produzindo 486 milhões de toneladas de CO2, contra 538 milhões no ano anterior.

Grosso modo, a alta de emissões no setor de energia acabou preenchendo a redução que seria proporcionada pela queda ao desmate.

Otimismo com ressalvas – Pelos dados não oficiais, o país emitiu 1,56 bilhão de toneladas de CO2, contra 1,57 bilhão em 2013. Para Azevedo, os números absolutos das emissões brasileiras são positivos, porque estão dentro do desempenho necessário para cumprir a atual promessa de redução de emissões do brasil. O aumento da cota da energia, porém, é preocupante.

“O número é bom porque, em comparação com outros países em desenvolvimento, o Brasil não está aumentando suas emissões”, afirma o cientista. “Mas quando você tira da equação as mudanças de uso da terra, a comparação fica similar.”

Um dos sintomas do novo perfil de emissões do Brasil é que São Paulo é hoje o segundo estado que mais produz gases de efeito estufa tendo emitido em 2014 cerca de 154 milhões de toneladas de CO2 (MtCO2). Fica atrás apenas do Pará (155 MtCO2).

Enquanto o estado amazônico emite sobretudo por causa do desmatamento, em São Paulo as emissões que mais crescem são as de energia, que inclui o transporte.

Agropecuária – O grande papel do desmatamento e da energia nas emissões do Brasil não significa que um outro setor, a agropecuária, tenha conseguido minimizar a produção de gases de efeito estufa.

Muito do desmatamento e do consumo de energia com transporte de carga é responsabilidade da agricultura, afirma Tasso. Quando se separa as emissões por setor da economia, entram na conta da agropecuária 61% das emissões do país. A parcela, apesar de alta, vem diminuindo. No ano 2000 ela era de 82%, e razão do desmatamento desenfreado.

Os dados oficiais de emissões do Brasil usam uma metodologia diferente, que leva em conta também o CO2 absorvido por florestas em crescimento, e ainda não foram divulgados para 2013 nem 2014.

Mesmo discordando de detalhes metodológicos, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, compareceu ontem ao evento de lançamento dos dados do SEEG e disse que iniciativa é “importante para envolver a sociedade no debate sobre as mudanças climáticas”. 

Fonte: G1

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