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terça-feira, 14 de julho de 2015

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Salto Morato, artigo de Roberto Naime

A reserva particular do patrimônio natural de Salto Morato está localizada na cidade paranaense de Guaraqueçaba, no litoral norte do estado e integra um mosaico de áreas de conservação denominado Lagamar.

A área foi adquirida pela Fundação Grupo Boticário em 1994, com apoio da organização não-governamental “The Nature Conservancy”, sendo qualificada no mesmo ano como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), conforme prevê a legislação. Em 1.999, a área foi reconhecida pela UNESCO como sítio do patrimônio natural da humanidade.

A área da reserva totaliza 2.340 ha aproximadamente, com a numerosa presença de aves endêmicas, ou seja que ocorrem apenas no bioma considerado, sendo parte delas incluídas em relações que atestam perigo de extinção. São catalogadas centenas de ocorrências de vegetais vasculares, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes.

Além do elogioso comprometimento demonstrado por ações privadas na atividade de preservação ambiental, a importância transcendente desta reserva, além das belezas naturais que resguarda, dentre elas o salto Morato, que denomina a área, é que se trata de uma das frações mais intocadas da Mata Atlântica preservadas no país. Somente por isso seria motivo suficiente para justificar o enaltecimento que aqui se perpetra.

A importância toda que se atribui a biodiversidade, é que tanto para preservar espécies vegetais e animais que evoluíram por séculos, como pela importância da carga genética que os indivíduos considerados carregam para toda evolução de vida e para o próprio futuro da civilização humana, e então, isto é muito relevante. E as reservas não são museus a céu aberto. São entes dinâmicos que apoiam pesquisas que objetivem contribuir com o conhecimento de todas as espécies e, por conseguinte com as atividades de preservação possíveis. O apoio às pesquisas em Salto Morato pode se dar com apoio de estruturas físicas, recursos humanos e até custeio de despesas com transporte, alimentação e alojamento.

Nem é preciso exemplificar as grandes perspectivas patrocinadas pela engenharia genética no emprego medicinal de genes, que são morosa e cuidadosamente desenvolvidos pelas mais variadas espécies vegetais ou animais. E esta realidade será cada vez mais importante e mais fundamental para a evolução da humanidade. E para a continuidade de toda a vida no planeta e no universo, vida esta que é importante por si própria, sem as utilidades funcionais que o uso genético da biodiversidade é capaz de possibilitar.

A figura jurídica prevista da formação de mosaicos de áreas de preservação, possibilita que indivíduos possam migrar entre as áreas de conservação, em corredores formais ou informais, estabelecidos pela implantação, reconhecimento ou percepção pelas espécies protegidas, de possibilidades de alimentação, refúgio e acasalamento em condições de segurança e de forma persistente no meio natural, constituído pelo bioma em que se desenvolvem e do qual dependem segundo a maioria dos caracteres considerados.

As aves encontram nesta reserva e neste conjunto de áreas preservadas, condições para o desenvolvimento de vida e plenas alternativas de alimentação, refúgio e reprodução em condições seguras, situação esta que se torna cada vez mais difícil, particularmente para aves, cuja beleza ou potencial canoro sempre tem seu cotidiano vulnerabilizado pela cobiça que incentiva aos capturadores de aves para comercialização de espécies em cativeiro. E todo o conjunto de condições, determinado pelo bioma em sua integridade, possibilitam uma sinergia de condições naturais que não se consegue reproduzir nem em cativeiro, nem em qualquer outra situação.

Site mantido pela administração da reserva, a cargo da Fundação Grupo Boticário de proteção à natureza, indica que a visitação ocorre desde o ano de 1.996. No site destaque literal para o uso público do local que tem por “objetivo sensibilizar os visitantes para a causa da conservação, o que resulta em oportunidades de recreação em contato com a natureza”. Há registro também de informação que assinala a presença de mais de sete mil visitantes ao ano.

A reserva ainda dispõe de duas trilhas abertas ao público, ambas autoguiadas, com pontos de descanso, bebedouros para dessedentação, lixeiras para coleta de resíduos sólidos e placas interpretativas sobre a flora e a fauna locais. Também existe estrutura para a prática de “birdwatching” ou seja, a observação de aves, modalidade que encontra grande quantidade de adeptos. Ainda mais considerando a presença de grande quantidade de aves no local, muitas das mesmas endêmicas.

Também são realizados banhos de rios em locais específicos, e a reserva conta com a estrutura de um centro de visitação para recepcionar os visitantes e permitir a execução de palestras de recepção, onde são expostas as diretrizes do mosaico Lagamar, que esta área de reserva integra. E realizadas observações que permitem melhor desfrute das atividades de lazer e melhor sensibilização das tarefas cotidianas envolvidas com a preservação ambiental e todos os projetos de pesquisa desenvolvidos no local.

Resta louvar a iniciativa e desejar longa existência para todas as ações tão relevantes de conservação dos espaços remanescentes da Mata Atlântica.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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