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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Agrotóxicos têm relação com câncer e estão presentes em alimentos processados

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. As consequências de uma agricultura baseada no uso de defensivos agrícolas químicos são sentidas diretamente no meio ambiente e na saúde.

Um documento produzido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostrou que os resíduos de agrotóxicos estão presentes também em alimentos industrializados e, até mesmo, no leite materno.

O material técnico, chamado de “Posicionamento público a respeito do uso de agrotóxicos”, ressalta os riscos que os agrotóxicos oferecem à saúde, incluindo uma relação direta com o desenvolvimento de câncer. Outros problemas relacionados foram: infertilidade, impotência, abortos, malformações fetais, neurotoxicidade, desregulação hormonal e efeitos sobre o sistema imunológico.

O Inca ressalta que os resíduos de agrotóxicos não foram identificados apenas em alimentos in natura, mas também estão presentes em produtos processados, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais, lasanhas, pizzas e outras comidas produzidas a partir do trigo, milho e soja, por exemplo. Carnes e leites também podem ser contaminados dependendo do tipo de ração oferecido aos animais.

Em entrevista ao programa Brasil Rural da Rádio EBC, o doutor em agronomia e gerente do Instituto Imaflora, Luis Fernando Guedes, explicou que o Brasil precisa passar por uma mudança radical no modelo atual de agricultura. “A gente precisa desenvolver sistemas de produção altamente produtivos e eficientes, que não sejam dependentes de agrotóxicos”, comentou.

Segundo o especialista, o país já tem exemplos bem sucedidos e que podem ser replicados. “Isso não é uma condição necessária. Nós temos várias experiências no Brasil de uma produção agropecuária com uso menor de agrotóxicos e até livre, como é o caso da produção orgânica. Certamente nós estamos usando agrotóxicos em uma proporção muito maior do que a necessária”, disse Guedes.

O engenheiro agrônomo ainda informou que o mercado de agrotóxicos no Brasil cresceu absurdamente nos últimos anos. Em 2001 o país gastava US$ 2 bilhões em defensivos agrícolas. Em 2011 o número já havia saltado para US$ 8,5 bilhões. Um dos motivos para este aumento, segundo ele, é a produção transgênica, que necessita de uma quantidade muito maior de agrotóxicos, apesar do que se esperava quando o modelo começou a ser aplicado no Brasil.

Fonte: Ciclo Vivo

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