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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mudança de paradigma, artigo de Roberto Naime

Se alguém há 30 ou 40 anos atrás descrevesse o mundo atual seria ridicularizado. Computadores, internet, celulares, tablets, redes sociais, enfim um mundo inimaginável.
Quem conhece a trajetória civilizatória do ser humano, sabe que a velocidade das transformações sempre aumentou e nunca diminuiu ou arrefeceu. Estamos longe de qualquer pretensão de exercício de futurologia. Mas é lícito agregar algumas informações dispersas e projetar as expectativas que as alterações terão sobre alguns parâmetros sociais e ambientais.

Indicativas de especialistas na área energética indicam que em poucas décadas, a energia renovável de origem solar tende a ser competitiva e até dominante na matriz energética, realidade que praticamente já se observa em países como a Alemanha. Tende a suplantar definitivamente a necessidade de combustíveis de origem fóssil. Isto é extremamente salutar para toda a espiral econômica e até geopolítica do mundo.

Esta tem mudança tende a vir junto com o incremento cada vez maior do perfil do novo consumidor, cada vez mais preocupado com questões sociais e ambientais, extremamente disposto a transformas seu gesto de consumo em atitude política de engajamento com diretrizes que considera saudáveis, alinhadas com suas concepções ou até politicamente corretas ou necessárias para obtenção de melhores parâmetros de sustentabilidade nas relações de consumo e relações sociais.

Isto vai determinar uma autopoiese ou regulação social nova, dentro de uma leitura livre da obra de Niklas Luhmann. Ou seja, o sistema que se vive vai abandonar seu círculo virtuoso caracterizado por permanente aumento de lucratividade para absorção de novos contingentes de mão de obra, aumento da arrecadação pública e da capacidade por responder pelas demandas e anseios sociais. É bem provável que esta mudança venha paralelamente com uma tendência de estabilização das populações, que já se observa nos países dos blocos centrais da economia mundial.

Na medicina, por exemplo, são descritas evoluções impressionantes, que os profissionais da área podem digredir com maior propriedade, mas são previstas substituições de órgãos do corpo humano como se fosse peças de uma engrenagem. Obviamente isto de alguma forma vai impelir para algum equilíbrio populacional, independentemente das projeções do Clube de Roma, que imaginava alguma limitação populacional em função da disponibilidade de recursos do planeta.

Neste novo cenário que se emoldura, a diminuição ou extinção da dependência com combustíveis fósseis, determinara novos padrões ambientais, não apenas pela redução da explotação, mas também pelas determinantes de preservação ambiental que representa em outras cadeias de processamento, como geração energética, transporte ou refinamento. Sem falar na gigantesca redução da emissão de gases de efeito estufa em geral.

Não é possível e nem faz sentido ficar enumerando possibilidades que estas mudanças determinam. Mas dá para imaginar alterações tão dramáticas e fundamentais nas próximas décadas quanto nas décadas anteriores e as consequentes alterações paradigmáticas, principalmente na área ambiental que determinarão um novo modelo de expropriação de recursos naturais para satisfação das necessidades da civilização humana em geral.

Particularmente na questão de tratamento e reutilização de recursos hídricos, as perspectivas são não só animadoras, como em iniciativas socialmente disseminadas num grau nunca antes imaginado nas melhores projeções. Até mesmo em função dos estímulos gerados pelas pressões econômicas, que sempre determinam emulações muito relevantes para todos agentes econômicos, ainda mais em sociedades livres como cada vez mais tendem a ser todas as civilizações humanas.

As iniciativas de democratização e eficientização dos mecanismos de transporte de massa, como já se desenvolvem em Helsinque, na Finlândia vão se somar a estes vetores determinantes de novos paradigmas. O sistema denominado “ponto a ponto” tende a universalizar o transporte público e tornar obsoleto o uso de automóveis, numa iniciativa de importância transcendental na mobilidade em geral, independentemente do tipo energético utilizado na matriz considerada.

Mudanças de paradigma não costumam ocorrer apenas nas dimensões culturais ou educacionais isoladamente. Geralmente refletem mudanças comportamentais, tecnológicas, o de situações e cenários fáticos envolvendo a dimensão econômicas associadas.

Alguns poderão achar ingênua, ou até mesmo muito futurísticas ou demasiado exageradas em ilações entre determinados fatos ou observações. Mas esta abordagem lida somente com projeções que são consensuais e aparecem em várias previsões que ocorrem em vários setores. A grande função de portais responsáveis, que discutem com profundidade e fundamentação a questão ambiental, também é prever o futuro e determinar aumento de informações para formulação de expectativas, em todos os setores e meios em que sejam concebidas e utilizadas. Assim ocorre a evolução civilizatória num contexto mais abrangente e envolvendo os vários atores e participantes do cenário social.

Esta é a melhor forma de contribuir para a construção de meios que propiciem melhores condições ambientais e melhores condições de vida em geral para todas as populações envolvidas, que neste caso são um barco ou um trem que envolve toda a população humana, independentemente do seu estágio evolutivo ou do seu grau civilizatório. É necessário sempre conquistar estados de maior solidariedade e maior compartilhamento entre todos os povos do planeta.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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