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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Compensado de bambu pode ser usado em construções no Acre

Prestes a se formar no curso de engenharia florestal da Universidade Federal do Acre (Ufac), Daniel Nascimento, de 28 anos, começou, há 4 anos, a desenvolver uma pesquisa com a aplicação de bambu na produção de compensado. Os estudos foram feitos a partir do trabalho já desempenhado pela Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), que analisa e mapeia as espécies dessa vegetação no estado há, pelo menos, seis anos.


O estudante explica que, para a produção do compensado, o bambu é cortado em ripas, colado e prensado. Quando iniciou os estudos, a tentativa foi utilizar esse produto na construção de piso, mas não alcançou o resultado esperado. Somente com o aprimoramento, em 2012, foi verificado que em divisórias internas o compensado poderia funcionar de forma mais satisfatória, após análises de como o material se comportaria no ambiente.

“Eu primeiro desenvolvi um projeto junto ao laboratório da Funtac para ver se seria viável a utilização do bambu em piso, mas o resultado não foi como o esperado. Fomos evoluindo os estudos e veio a sugestão de utilizar na condição de forros e divisórias”, lembra.

Inicialmente, foi utilizada na pesquisa uma espécie de bambu gigante, mas depois optou-se pela taboca, devido à predominância no estado. Segundo Daniel, em praticamente todo o Acre a planta pode ser encontrada. Além disso, é considerada um problema para os produtores rurais.

“A taboca é, realmente, o que se encontra mais abrangente em praticamente todas as localidades do estado, inclusive, no Peru e na Bolívia. Então, pensamos em usar algo que temos em abundância. E, para o produtor da zona rural, a taboca é uma praga, porque toma a área de pastagem”, explica o estudante.

Como resultado dos primeiros anos de pesquisa, Daniel desenvolveu o projeto de monografia, cuja apresentação deve ser feita ainda este ano. “O projeto é da Funtac, mas eu resolvi trabalhar e melhorar o estudo dentro do meu projeto de monografia e, a partir disso, vamos melhorar esse produto. O resultado inicial foi bem satisfatório, por se tratar de uma matéria-prima que, até então, não tinha esse aproveitamento. O bambu ainda é utilizado de forma artesanal aqui”, acrescenta.

‘Ambientalmente sustentável’ – A pesquisa de Daniel Nascimento, estagiário da Funtac desde 2008, é feita sob a supervisão e orientação do tecnólogo em construção civil, Dixon Gomes. Ele explica que as vantagens ambientais do bambu são notórias, devido à possibilidade de plantação de grande quantidade em uma determinada extensão de terra, com uma renovação de, aproximadamente, um ano. O poder de sequestro de carbono também é maior.

“O bambu é um material que tem um poder de renovação maior que a própria madeira. Tanto que no manejo florestal da madeira são necessários 25 anos para voltar a fazer uma extração, e com o bambu pode ser feita a cada ano. É possível tirar até 80 m³ em um hectare, enquanto a madeira, no máximo, 20 m³. Ou seja, quatro vezes mais poder de captação de material lenhoso para a fabricação de diversos produtos”, fala.

No entanto, Gomes afirma que a transformação do bambu em compensado ainda teria um valor elevado no comércio, uma vez que não existe no país nenhuma fábrica especializada. Ele acredita que, à medida que for despertado o interesse da iniciativa privada, o barateamento será alcançado. É o que ainda falta, segundo Dixon.

“Falta o empreendedor nessa área, que é o que estamos buscando para o estado. O bambu tem uma resposta rápida, tanto é ambientalmente sustentável quanto economicamente. Uma empresa pode aplicar esse material numa determinada área e sempre vai ter disponível. Mas tem que estar preocupado com replantio ou o plantio da mesma espécie”, diz.

Primeiros passos – Apesar dos bons resultados, Gomes acredita que esses são apenas os primeiros passos. Ele diz que ainda existe muito trabalho a ser feito, principalmente em relação à identificação do perfil do bambu existente no estado.

“Até hoje, não identificamos cientificamente todas as espécies. Com parceria da Embrapa e da Ufac, agora que as estamos caminhando para termos um perfil do bambu do Acre. Estamos fazendo um levantamento para identificar as manchas de bambu, para que possamos retirar as mostras e pesquisar a espécie”, explica.

A realização desse levantamento é fundamental, de acordo com o tecnólogo, para atrair possíveis empresas que queiram fazer investimentos nas pesquisas e na produção do compensado de bambu, bem como na produção de outros utensílios.

“É uma espécie de zoneamento econômico para que, caso alguém queira fazer um investimento, possa ter essa resposta em termos de volume e intensidade. Sem isso não tem como ser feito um empreendimento. Quando a gente chegar na realidade de que o bambu vai estar substituindo a madeira, o Acre vai ficar em evidência, mas a gente que tem ir com calma, para não queimar etapas”, finaliza. 

Fonte: G1

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