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terça-feira, 16 de setembro de 2014

A era do tecnógeno, artigo de Roberto Naime

Não existem mais áreas intocadas pelo meio antrópico no holoceno e o geólogo russo Ter Stepaniam, num boletim do IAEG (International Applied Engineering Geologists) em 1988, propôs que o período geológico atual, denominado holocênico, fosse conhecido por Tecnógeno.


E o que significa tecnógeno? Uma fase da vida da humanidade sobre a terra, onde a ação humana (antropogênica ou de engenharia) é hegemônica sobre as ações geológicas, químicas e biológicas.

O tecnógeno se transformou na ciência do futuro, numa ciência preocupada em acompanhar as mudanças ambientais e risco naturais devido à lenta ação de fatores imperceptíveis, que são gerados pela atividade tecnogênica do homem.

Este conceito guarda implícito a concepção de que a resiliência dos meios naturais foi ultrapassada. Ou traduzindo, que a capacidade de auto-recuperação dos ecossistemas e dos sistemas em geral, não consegue mais agir para voltar ao estado anterior a um impacto ambiental sozinha. Precisa da ajuda do próprio homem que gerou o impacto ambiental.

Fazendo uma analogia com uma borrachinha de dinheiro usada pelos bancos, podemos entender assim: a gente espicha a borrachinha e enquanto ela não rebenta e volta ao normal quando a gente para de espichar, a resiliência não foi ultrapassada. Quando a borrachinha rebenta, quer dizer que a resiliência ou capacidade de autorregeneração do sistema foi ultrapassada.

Já fazem mais de 30 anos que o autor Ter Stepaniam fez a proposta original. E de lá para cá as condições ambientais do planeta se tornaram muito mais deterioradas. Ninguém mais contesta que as situações ambientais estão se tornando mais complexas, mais delicadas e influenciando cada vez mais a qualidade de vida para as pessoas na terra.

A agenda 21 brasileira – bases para discussão, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, discute desafios em vários setores relevantes da gestão de recursos naturais do país e de sustentabilidade em setores fundamentais.

A sustentabilidade é definida como um planejamento do desenvolvimento que promova o uso racional dos recursos naturais, com a justa repartição dos benefícios alcançados.

Este documento se junta a outras normas legais que consagram no país o sistema de unidades de conservação, mais característico dos Estados Unidos, com o sistema de licenciamento ambiental, cujo maior desenvolvimento e aplicação ocorre na Europa.

Portanto a aceitação cada vez maior no meio acadêmico do conceito de tecnógeno traz como consequência principal o consenso de que atualmente as relações dos processos antropogênicos, ou seja gerados pelo homem (ou de engenharia, neste sentido, como estradas, pontes, barragens, lavouras, indústrias, esgotos e resíduos sólidos) naturais e induzidos são os processos dominantes no período holocênico, agora propositalmente denominado de tecnógeno.

Estes processos ultrapassam a capacidade da natureza se recuperar sozinha, impondo a necessidade da própria intervenção humana para auxiliar a recuperação da natureza e a manutenção do equilíbrio que é fundamental para a qualidade de vida do próprio homem na terra.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte: EcoDebate

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