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quarta-feira, 30 de julho de 2014

O pico do fósforo e o aumento do preço dos alimentos

Para alimentar mais de 7 bilhões de habitantes do mundo, a agricultura e a pecuária já desmataram milhões de hectares de florestas e já sacrificaram a biodiversidade em nome da expansão das monoculturas e dos pastos.
De um lado crescem os desertos verdes (plantações homogêneas sem biodiversidade) e de outro os desertos provocados pelo esgotamento dos solos, a salinização, a acidificação, a erosão e o abandono. As agressões à natureza devem se intensificar enquanto a população global caminha para a casa dos 9 bilhões de pessoas antes da metade do atual século.

Para alimentar os humanos e os animais domesticados que servem para a alimentação humana, a agricultura utiliza de maneira intensiva os combustíveis fósseis, quer seja nas suas diversas aplicações químicas e na produção de fertilizantes, quer seja para gerar energia e movimentar motores de máquinas e eletricidade. Porém, o pico do petróleo vai aumentar o preço da energia e vai colocar em xeque a agricultura “petroficada”.

Mas outra ameaça à expansão da produção de alimentos vem do pico do fósforo. O elemento fósforo é o ingrediente mais importante dos fertilizantes. Todavia, as reservas de rochas de fosfato do mundo estão acabando. Apenas quatro países – Marrocos, China, África do Sul e Jordânia – controlam 80% das reservas de fosfato utilizável do mundo. O Marrocos é um exportador particularmente importante, pois suas reservas respondem por cerca de 37% dos recursos mundiais.

A demanda por fertilizantes para as plantações e para ração animal cresceu por conta do aumento da população e do aumento do poder aquisitivo de populações como a da China. Este quadro favorece a especulação nos mercados globais. Em 2008, o preço da rocha de fosfato subiu 700%, e depois teve uma queda, mas tem oscilado em níveis elevados. No longo prazo, o esgotamento das reservas de fósforo são como uma bomba-relógio, ameaçando elevar de maneira significativa o preço dos alimentos.

Além disto, a produção de fósforo é altamente poluidora e destruidora do meio ambiente. Redeyef, na Tunísia, representa a decadência social que se segue à degradação ambiental (Pappagallo, 2014).

Diante do pico do fósforo e da poluição gerada na sua produção, a Alemanha estuda maneiras para obter uma reciclagem de fósforo e tenta aproveitar o material bruto das estações de tratamento de esgoto de Berlim. Em palestra no TED, o professor da Universidade de Montreal, Mohamed Hijri, alerta que até 2050 haverá menos fósforo no mundo e a necessidade de produzir mais alimento. A solução para o problema, segundo ele, é um cogumelo microscópico. Hijri estuda fungos micorrízicos arbusculares, buscando compreender a estrutura, evolução e reprodução desses organismos, os quais formam uma relação simbiótica com as raízes das plantas.

O fato é que o mundo tem pouco tempo para descobrir soluções criativas para evitar as consequências do pico do fósforo. Caso isto não aconteça, o aumento do preço dos alimentos será o resultado mais palpável do uso de uma agricultura que é intensiva em recursos não renováveis e altamente poluidora. Num futuro próximo, a segurança alimentar estará ameaçada pelos picos do petróleo e do fósforo.

Referências:

TED Mohamed Hijri: A crise do fósforo

Index Mundi: http://www.indexmundi.com/commodities/?commodity=rock-phosphate&months=180

The Guardian. Scientist urges government to address ‘peak phosphate’ risk. 14 July 2010

James Dyke. Peak Phosphorus Will be a Shortage We Can’t Stomach, University of Southampton, 07/05 /2014

Linda Pappagallo. Tunisia’s phosphate town is dying over our addiction to phosphorus. June 6, 2014

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate

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