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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Argila brasileira tem potencial para atender às indústrias de fármacos e cosméticos

O Brasil é um dos principais fornecedores mundiais de argila. Mas as argilas do país são, em geral, produtos de baixo valor agregado, usados em grandes quantidades. A bentonita (argila constituída essencialmente por argilominerais esmectíticos), por exemplo, produzida no país é utilizada majoritariamente na extração de petróleo, gás e água, na pelotização de minérios de ferro, em moldes para fundição de metais e como leito sanitário para animais domésticos.


Situação semelhante ocorre com os caulins (constituídos essencialmente por argilominerais cauliníticos), cujos principais destinos são as indústrias de papel e de cerâmica. Não há registros do emprego de bentonitas e caulins brasileiros em ramos nobres, como as indústrias de fármacos e cosméticos, ao menos em grande escala.

“De modo geral, esses segmentos, principalmente de fármacos e nanocompósitos, utilizam argilas importadas, pois ou não existem similares nacionais com o mesmo grau de pureza ou os fornecedores daqui não conseguem manter o padrão de um lote para o outro”, disse à Agência FAPESP o engenheiro Francisco Rolando Valenzuela Diaz, professor da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP).

Com o objetivo de avaliar o potencial do país para modificar esse cenário, Valenzuela Diaz coordenou, recentemente, a pesquisa “Purificação, reologia, caracterização mineralógica e modificação de argilas brasileiras para uso em cosméticos, fármacos e outros produtos de alto valor agregado”, com apoio da FAPESP.

“Nosso projeto investigou 20 tipos de argila de diferentes lugares do Brasil, purificou-as e estudou seu potencial para usos mais nobres, tais como fármacos, cosméticos e nanocompósitos de argilas com polímeros, visando a sua capacidade de reprodução de resultados”, afirmou. “Das argilas que estudamos, as que apresentaram os melhores resultados foram as bentonitas da Paraíba; uma bentonita de Vitória da Conquista, na Bahia, e alguns caulins do Pará.”

Os resultados obtidos foram considerados surpreendentes pelos pesquisadores. No caso da argila da Bahia, por exemplo, verificou-se que, em seu estado natural, ela não é adequada para a produção de fármacos e cosméticos, mas, após a purificação, origina três argilas com cores e propriedades físico-químicas diferentes, que apresentam excelentes perspectivas de uso nobre.

Exemplos do emprego medicinal de argilas são seu uso por via oral, como adsorventes de toxinas ou fornecedores de suplementos minerais, ou seu uso tópico, no tratamento de doenças dermatológicas.

Os pesquisadores utilizaram técnicas analíticas para acessar as propriedades físico-químicas das argilas analisadas, tais como a difratometria de raios X, a fluorescência de raios X, a microscopia eletrônica de varredura e a quantificação rigorosa dos argilominerais presentes nas amostras, além de vários ensaios para observação do comportamento das amostras frente a vários solventes.

Um dos resultados mais significativos foi a comprovação de que as argilas, descritas geralmente nas farmacopeias como excipientes e/ou princípios ativos para fármacos e cosméticos, podem vir a substituir corantes e conservantes em várias formulações, contribuindo para a produção de produtos ecologicamente corretos.

A pesquisa já realizada permitiu identificar regiões com potencial para a produção de argilas nobres. “Queremos agora conhecer a fundo as características estruturais e físico-químicas dessas argilas para estabelecer parâmetros de qualidade”, declarou Valenzuela Diaz. “O desenvolvimento de produtos, com perspectivas comerciais, é algo que, eventualmente, virá depois.”

Fonte: Fapesp

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