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segunda-feira, 10 de março de 2014

Maquiagem à brasileira, crônica de Nara França

O que quero deixar registrado, aqui, nada tem a ver com produtos ou “milagres” de maquiagem convencional. Não mesmo.


Existe uma maquiagem à brasileira, bem mais apegada à pele, ao rosto, em algumas pessoas. São muitas – sei disso -, mas não são todas, para salvação do nosso Brasil varonil.

Tem gente que levanta bandeira, grita nos microfones que é contra o racismo, e blá blá blá. Não passa disso. Aliás, pra mim, o termo correto nem deveria ser racismo, mas etnismo, ou coisa parecida – é discriminação étnica, dentro da mesma raça: humana. E dizer que uma dosagem a mais de melanina causa tanta violência, tanta discriminação, até mortes…

Por todo mundo, ou parte dele, o racismo é escancarado. No Brasil, pelo que vejo, na minha visão estrábica, é que algumas pessoas saíram discursando, enquanto outras pessoas ouviam, e saíam repetindo. No final das contas, hoje, quando se fala em combate ao racismo, eu já nem sei quem está com a maquiagem à brasileira, quem não está. O discurso é semelhante, mas as atitudes chocam tanto, que não deixam dúvida. A lei que define os crimes de racismo existe, há 25 anos. Até parece que os discriminadores alimentam o racismo, há séculos, milênios. No Brasil, a maquiagem está cinicamente tão bem feita grudada, na cara de alguns, que dificilmente cai. Mas não quero me chafurdar nisso, agora.

Dia desses, por acaso mesmo, assistindo noticiário, depois da diária sessão chacina, na televisão, descobri como os afrodescendentes (ainda não compreendi a proibição da palavra ‘negros’, já que nada mudou, com isso) podem deixar de ser alvo de surtos racistas. Se a maquiagem à brasileira não falha (“Eu, racista? Imagina! Jamais!”), os afrodescendentes precisam se defender de outra forma – no caso da minha ideia (“eureka!”), o trabalho é de prevenção mesmo.

A gente tem informação, diariamente, que, se o afrodescendente batalhar e se dar bem na vida, comprar carro importado do ano, acaba sempre abordado em blitz, encaminhado à delegacia, obrigado a provar que é afrodescendente que se deu bem (mesmo!) na vida. Por isso, sugerir que os afrodescendentes se esforcem, ainda mais, para causarem inveja aos que têm outras cores de pele, seria perda de tempo, pra mim – para os afrodescendentes, mais ainda.

Vou direto à minha ideia – essa funciona mesmo, comprovadamente. Não deve ter sido só eu que assisti o dito noticiário (inesquecível), na televisão. Meu amigo afrodescendente, brasileiro, ou residente no Brasil, se você quer mesmo deixar de lado essa vida vítima de discriminação, faça “ponta” (pequena aparição), na televisão. Na globo?… Só se for em novela – “de época”, quase sempre, onde exibem escravos. Não dá outra: basta o afrodescendente ser identificado como “o cara que fez ponta, na televisão”, é liberado. A acusação errou, se confundiu, “sei lá, tipo assim”. Não se fala mais nisso. De repente até, na saída da “prisão por engano”, apareçam fãs, ou a própria acusação, pedindo autógrafos… Sem ponta, sem chance.

Maquiagem à brasileira e máscaras, nas ruas: é carnaval!…

Nara França é jornalista gaúcha, tendo sempre trabalhado em redação de jornal, e hoje atuando em entidades sindicais e movimentos sociais, no sul do Brasil. Também, mantém o blogue http://ironia-cronica.blogspot.com.br/

Fonte: EcoDebate

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