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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Aumento na vida útil reduz o descarte na moda

A durabilidade no design de moda resulta em menos descarte e maior satisfação dos consumidores. É o que aponta pesquisa realizada pela designer de moda Verena Ferreira Tidei de Lima, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. A pesquisa faz um panorama do sistema contemporâneo de moda, analisa seu funcionamento e avalia sua compatibilidade com a sustentabilidade, a partir da relação entre sustentabilidade, design e moda.


A pesquisa traz um panorama da moda e analisa de que forma o design pode intervir no descarte excessivo A partir desta perspectiva, Verena discute o conceito de fast fashion, que são as redes de lojas que vendem em larga escala e colocam novos produtos a cada semana.

A fast fashion é responsável por grande parte do consumo, por disponibilizar muitos produtos novos e, com isso, estimular, mesmo que veladamente, a compra do novo, tornando as peças e coleções de moda muito efêmeras.
“O sistema da moda é efêmero e sazonal”, afirma. “A sazonalidade é cada vez mais demarcada e acelerada, o que ‘obriga’ as pessoas [é uma obrigação velada, implícita] a comprarem outros produtos, sendo que as peças que elas têm ainda durariam. É um sistema que impulsiona a comprar mais”, explica Verena.

Essa aceleração nas compras é algo historicamente construído e a proposta trazida por Verena em sua pesquisa é desconstruir esse modelo muito acelerado, dando espaço ao consumo consciente. A ideia parte do princípio de buscar consumir com mais qualidade e em menos quantidade, algo inverso ao modelo que as lojas de fast fashion propõem.

A área da moda carece de produção acadêmica sobre a raiz do problema identificado pela pesquisadora: o descarte. “Pouco se encontra sobre a raiz do problema: por que que nós descartamos tanto? Ao invés de trabalharmos com o que já foi descartado, vamos trabalhar para não ter esse descarte”, sugere Verena.

O objetivo de sua pesquisa, então, foi fazer uma discussão dos projetos de moda visando diminuir seus impactos ambientais, usando como base mudanças na vida útil dos produtos. Durante o projeto das peças, que é a primeira etapa da produção, é possível decidir se elas vão durar mais ou menos, ou seja, seria essencial alterar a dinâmica do ciclo de vida nesta etapa. Ao prolongar a duração, o descarte é retardado.

Reduzir o descarte

A pesquisa pôde concluir que a maneira como o sistema está organizado resulta em um grande impacto ambiental e é de extrema importância que o design pense no prolongamento da vida útil das peças de roupas produzidas. Há o incentivo a se pensar em propostas que, casadas com a sustentabilidade, trabalhem para prolongar a vida útil.

O estudo permitiu identificar os traços de comportamento do consumidor por meio das relações de consumo, uso e descarte que eles têm com suas roupas. Segundo a pesquisadora, questões práticas, simbólicas e estéticas estão fundamentadas e ligadas à aspectos do produto. Essas questões podem ser enfatizadas no projeto de produção.

O consumidor precisa querer consumir e para isso, o produto precisa satisfazê-lo. A satisfação vem com o uso, que é avaliada pelo conjunto das funções prática, estética e simbólica. Caso o produto preencha os quesitos e tenha um prolongamento na vida útil, ele não será descartado.

A metodologia da pesquisa foi ancorada em um questionário aplicado a 100 pessoas, das classes B e C, dos sexos masculino e feminino, na faixa etária que engloba dos 25 aos 40 anos. O questionário teve três fases: a primeira constituída de questões de múltipla escolha e uma avaliação de escala de importância de alguns fatores ligados ao consumo. Na segunda fase foram feitas questões de múltipla escolha e uma questão aberta e, já na última fase, foi feita apenas uma questão aberta. Essas questões abordavam o desenvolvimento sustentável, o design e a moda. A bibliografia entrou como suporte para a construção do questionário e na avaliação das respostas.

A análise das respostas indicou que a maioria dos entrevistados mostrou-se esclarecido da necessidade de um consumo consciente. Eles também reconheceram a relação entre a vida útil da peça e a sustentabilidade. Segundo a pesquisadora, foi uma surpresa como o questionário atendeu as expectativas e necessidades da pesquisa.

A pesquisa O prolongamento da vida útil do vestuário de moda como alternativa para a redução de seu impacto socioambiental, orientada por Claudia Regina Garcia Vicentini, contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e traz uma visão crítica da moda, alertando para o excesso de consumo. Foi possível mostrar que há soluções para isso sem ver a moda como vilã. É um estudo reflexivo, que busca incentivar a discussão do papel do designer de moda e como o sistema pode mudar para tornar-se mais justo.

Fonte: Mercado Ético

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