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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Fundação Casa e inversão de valores, artigo de Patrícia Aparecida Pereira Souza de Almeida

Hoje, o que me traz aqui, mais uma vez, é a indignação sobre uma inversão de valores que assola nosso país.

Não é à toa que índices de depressão crescem assustadoramente.

Domingo à noite, quando deveríamos recarregar as baterias para a semana que se inicia, fomos insistentemente, chamados para uma matéria que, supostamente, seria o ápice do programa, O Show da Vida, que de show não tem mais nada, só se for show de horror.

Pois não, a matéria era sobre uma unidade da Fundação Casa, antiga FEBEM, na capital paulista, onde dois funcionários espancariam seis adolescentes com muita violência.

Ora, ora!

Um local que se chama Complexo da Vila Maria, onde nele se abrigam jovens infratores, num total de 521 delinquentes (entenda-se adolescentes), não se poderia esperar outra coisa…

A própria Promotoria da Infância e da Juventude, afirma, segundo a reportagem, que o ideal seria ter bem menos do que cerca de 320 para que ações socioeducativas pudessem ser mais efetivas.

Em contrapartida, segundo Júlio da Silva Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Casa…

“Muitas vezes, o funcionário é a própria vitima de um trauma dentro da unidade. Nós temos trabalhador com transtorno bipolar, trabalhadores com esquizofrenia, trabalhadores com síndrome do pânico”.

E a minha indignação é justamente sobre a suposta inquietação:

O que estaria acontecendo por trás destes muros? A violência – tão comum na época da FEBEM – estaria de volta, agora na Fundação Casa?

Será que esta seria a pergunta correta?

Não senhores, a questão não é só intramuros e sim o que acontece extramuros em nosso país.

Enquanto não houver escola decente e em condições de estudo, com professores bem remunerados e bem preparados não adianta mudar de nome, pois a antiga FEBEM, a atual Fundação Casa e outras que ainda estão por vir… Todas serão insuficientes para coibir as situações de violência que são acometidos cidadãos por estes jovens infratores que não tem nada a perder, já que a ele não foi dado o direito de nada ter.

Enquanto o sentimento for o de construir mais cadeias de segurança máxima, mais instituições de ressocialização, ao invés de escolas, os níveis de violência não irão diminuir.

Ou seja, justamente ao encontro do cerne da questão, Matheus Jacob Fialdini, promotor de Justiça da Infância e da Juventude, questiona:

“Que tipo de tratamento, que tipo de medida que a gente está oferecendo para os nossos adolescentes?”

Melhor seria… Que exemplo, estamos dando aos nossos jovens?

Exemplo de corrupção, de máfia no metrô, de crime do colarinho branco, hoje mais comum como mensalão, mensalinho e tantos outros que assolam nosso país e enchem os noticiários de notícias que geram indignação e repulsa em um Estado que se diz Democrático de Direito.

Segundo a reportagem ainda, a Fundação Casa atende hoje a 9.236 menores infratores, em 148 unidades espalhadas pelo estado de São Paulo.

Mas a meu ver, repito, enquanto não houver educação de qualidade, escola em condições de ensino e professores qualificados e bem remunerados estes números acima, infelizmente, só tendem a crescer.

E o problema não será resolvido com esmolas e bolsas escolas. Mas sim, com escolas e com trabalho honesto que ofereça condições e dignidade para pais e filhos em um país socialmente justo e legalmente democrático.

Tortura nunca mais e Direitos Humanos para todos!

Reportagem original: Exibida no Fantástico em 18/08/2013.

Patrícia Aparecida Pereira Souza de Almeida, bióloga, mestre em hidráulica e saneamento, doutora em Ciências da Engenharia Ambiental e professora tutora da FGV Online.

Fonte: EcoDebate

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