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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Os maus sentimentos dos políticos





Edison da Silva Jardim Filho, advogado
       

        Há uma crônica de Nelson Rodrigues cujo título remete, inevitavelmente, ao atual momento da política e da democracia brasileiras: “Não se faz política com bons sentimentos”. Nela, o grande cronista e dramaturgo escreveu que o seu título evocava o escritor francês, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1947, André Gide, que teria dito que “não se faz literatura com bons sentimentos”.
      Nos dias de hoje, dizer que os políticos não agem com bons sentimentos exprime um exemplo elucidativo da “figura de pensamento” denominada de “eufemismo”, que, segundo a “Gramática Houaiss da Língua Portuguesa”, significa: “atenuação de um fato trágico, grosseiro ou desagradável por meio de expressões consideradas mais amenas”. Afinal, mesmo abstraindo a questão, notória, da corrupção, a ninguém, minimamente esclarecido, é dado ignorar os meios de que os políticos lançam mão para fraudar a democracia e o sistema de representação popular.
    Tomemos o que vem acontecendo em Santa Catarina. Apoderamento e controle absoluto das agremiações partidárias por um político ou um grupo restrito deles; campanhas milionárias realizadas, quase que exclusivamente, com base em programas televisivos enganosos, urdidos pelos marqueteiros; filhos e mulheres de políticos nomeados para secretarias- às vezes, criadas especialmente para eles-, sem que tenham conhecimento prévio e razoável das questões técnicas que lhes são afetas; deputados estaduais e federais eleitos que abrem mão do exercício dos mandatos, para “cumprirem missão” em cargos de secretários de Estado; suplentes de deputados- trocando em miúdos: derrotados nas urnas- assumindo os mandatos dos eleitos; políticos sem votos, mas que se adonaram dos seus partidos, que tomam carona em candidaturas situacionistas a governador e que viram vice e até assumem o cargo dos titulares durante as suas campanhas à reeleição; perenização das carreiras dos políticos e das dos seus apadrinhados em altos postos administrativos.
      Entre tantos logros dos políticos na esfera estadual, nenhum tem o poder de adulterar tão profunda e escrachadamente a democracia e o sistema de representação popular quanto a formação de amplíssimas coligações partidárias em apoio às reeleições de governadores ou às eleições dos escolhidos para suceder-lhes (na realidade, re-reeleição), fazendo uso, como moeda de troca, dos cargos e demais benesses possibilitados pelo governo, com a contrapartida do isolamento e desidratação das candidaturas oposicionistas.
      Mas fazer o quê se os parlamentares federais, que são eleitos para aprimorar as instituições, não legislam se não for para se beneficiarem, e, neste Brasil desprovido sequer de um único grande líder que, ao mesmo tempo, seja virtuoso e corajoso, além de tudo, o povo não tem índole brava?!

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